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Predestinado

O Predestinado

1 . Elenco e sinopse:

Elenco

Ethan Hawke – Bartender/Agente

Sarah Snook – Mãe solteira

Noah Taylor – Sr Robertson

Roteiristas e diretores – Irmãos Spierig

Sinopse: Um agente temporal perseguindo um terrorista auxilia uma pessoa no passado a vingar-se em troca de assumir seu lugar

2. Análise

(contém muitos spoilers)

Um homem em traje noir atravessa uma usina, portando equipamento que parece incompatível com seu traje: um estojo de violino e uma mala prateada moderna.

Ao chegar ao subterrâneo, depara-se com uma bomba armada para explodir e é atacado por um desconhecido. Após salvar-se, vê que tem pouco tempo para agir e abre a maleta, que se reconfigura em uma estrutura quadrada para absorver a explosão da bomba. Porém, a explosão não é contida integralmente e atinge o homem, queimando-o quase até os ossos.

Salvo por uma pessoa misteriosa que lhe entrega sua valise de violino e parece conhecer suas propriedades, o homem de sobretudo some e é levado a uma estrutura similar a um hospital. Recuperando-se por meses, sofre várias cirurgias até parecer-se versão “Deadpool – testículo com dentes” do Ethan Hawke.

Captura de tela do site Amazon Prime. Filme produzido pela Stage 6 Films.

Com o rosto recuperado, ele é interrogado por dois colegas, que lhe entregam uma honraria e equipamentos para que vá atrás de seu último alvo: o Detonador Sussurrante. O homem queimado é na verdade um policial temporal.

Retornando aos anos 70, ele se disfarça de bartender em Nova York e em uma das noites de trabalho, conhece um rapaz extremamente feminino. O homem conta ao bartender que escreve contos em revistas femininas sob pseudônimo de “mãe solteira” e que tem a história mais estranha que ele já ouviu para lhe contar. O bartender faz graça até que o rapaz diz que foi uma garota.

Interessado, o agente começa a ouvir sua história: ela foi abandonada em um orfanato nos anos 40, sendo batizada de Jane e nunca ficou doente nem nunca foi ao médico. Porém, cresceu solitária, não conseguindo ser adotada e nem conseguia namorar. Com o tempo, desenvolveu muita força e habilidade para brigas.

Vendo que não conseguiria uma boa vida na sociedade americana dos anos 60, Jane decide aceitar a oferta de um homem misterioso para integrar a Spacecorps, em um projeto que objetiva capacitar mulheres para tornarem-se esposas de astronautas. Ao contrário das outras candidatas, Jane se sobressai em matemática, física e nas habilidades de simulação de vôo. Após mais uma briga, ela e a colega vão para a ala médica. Lá, Jane é examinada e dispensada do programa sem maiores explicações.

Jane volta para a escola e frequenta um programa de boas maneiras para tentar ser readmitida na Spacecorp. Lá, conhece um homem que é em tudo igual a ela, porém não conhece a identidade dele. Ela se envolve intensamente com ele, mas ele a deixa sem maior explicação. Jane descobre que está gravida e entra em trabalho de parto. Após a cirurgia, ela recebe uma notícia boa e uma ruim: a boa é que ela deu a luz a uma menina saudável. A má notícia é que ela é hermafrodita e houve uma complicação com seus órgãos sexuais femininos, que precisaram ser removidos na cirurgia, mas os órgãos masculinos puderam ser exteriorizados.

O fato de ela não ter ido ao médico fez com que ela só descobrisse sua condição naquele momento. O pior ainda estava para acontecer: sua filha é raptada do berçário por um homem não identificado. Sem emprego e sem saber alguma habilidade, ela adota o nome de John e passa a trabalhar como estenógrafo por um tempo, mas logo percebe que pode viver escrevendo contos femininos, graças à sua visão única.

Após ouvir a história, o bartender faz uma proposta a Jane/John: se ele ficasse frente a frente com o homem que a arruinou e o matasse, ficaria com o verdadeiro emprego dele.

Jane/John aceita e eles retomam para a década de 60. O agente diz seu alvo estará em uma universidade e lhe dá dinheiro. Porém, em vez de achar o homem, John acha Jane. John era o homem misterioso por quem Jane se apaixonou.

Enquanto isso, o agente tenta achar o Detonador Sussurrante e acaba obtendo um pedaço do dispositivo. Após, ele vai ao hospital e rouba o bebê de Jane e a coloca no orfanato em 1945. Ele conversa com seu chefe, que pergunta ao agente como se sente com os saltos excessivos, preocupado com efeitos colaterais, como psicose, mas ainda assim recebe um pedaço do detonador da bomba, ordenando-lhe que retorne uma última vez e detenha o Detonador Sussurrante.

Antes do último confronto, o agente vai até John e o chama de volta para assumir seu trabalho. Apear de John dizer que nunca abandonará Jane, o agente o convence de que deve voltar, pois é o que está destinado a acontecer.

Retornando aos anos 70, o agente vai até uma loja de penhores e compra uma máquina de escrever, dizendo-se escritor de histórias tristes. Ele termina de escrever um livro chamado “Confissões da mãe solteira”.

Recebendo o endereço da compra do detonador, o agente rastreia o dispositivo e descobre um local na rota entre a explosão e a compra do material, que serve e esconderijo para o Detonador e localiza a si mesmo. Uma versão do agente mais velha, cabeluda, barbuda, louca, e com dentes podres é o Detonador. Ele diz ao agente que ele impediu vários desastres, mostrando-lhe recortes de jornal de notícias de tragédias que nunca aconteceram.

Captura de tela do site Amazon Prime. Filme produzido pela Stage 6 Films.

O Detonador diz ao agente que ele nunca será feliz com alguém e que esse é seu destino. O agente, em um ato de desespero, executa o Detonador, sem saber se impediu tal futuro ou apenas garantiu que isto iria acontecer.

Após matar o Detonador, o agente retorna ao local em que escrevia o livro e abre sua camisa, exibindo as mesmas marcas de cirurgia de John/Jane, dizendo que o ama muito, sendo ambos a mesma pessoa.

3. Análise

3.1 – Tensão e enredo

Tensão não é um ponto forte do filme, que trata-se mais de um drama de viagem no tempo que de ação propriamente dita.

Já o enredo é muito bem desenvolvido. Escolhe um tema bem complexo da viagem no tempo, o paradoxo do avô, em que o viajante temporal acaba sendo responsável pela própria existência, permitindo o extremo de o protagonista ser seu pai e mãe ao mesmo tempo e explora-o até o limite, a poucos passos de o protagonista ser o povoador de toda a humanidade.

Também aborda uma lógica muito interessante da volta no tempo que é a de uma agência de vigilância recrutar indivíduos literalmente sem laços e muito aptos, com menos vulnerabilidades e menos propensos a sofrer ataques de inimigos que viajem no tempo.

3.2 – Seriedade dos personagens

O desenvolvimento dos personagens é muito rico, com a história de Jane, mesmo fantástica, sendo carregada em drama e tristeza, ao mostrar a trajetória de uma pessoa que, por maior que fosse sua aptidão e inteligência, jamais conseguia ser feliz ou até mesmo destacar-se, vivendo uma vida medíocre, em um corpo que não lhe pertencia, até receber a oferta do agente temporal.

Ambos protagonistas, Hawke e Snook desempenham muito bem seus papéis, com destaque para Sarah Snook, uma atriz desconhecida que interpreta com perfeição ambas as versões de sua personagem, criando maneirismos diferenciados para suas facetas.

Hawke também apresenta uma grande performance, alternando entre um barman tranquilo e o agente controlado para a completa loucura do Detonador Sussurrante.

Captura de tela do site Amazon Prime. Filme produzido pela Stage 6 Films.

3.3. Lutas e conflitos

O filme, por ser um drama destaca-se mais pelo conflito, havendo poucas  lutas que são coreografadas de modo rápido, mas que ainda permite o entendimento do que acontece pelo espectador.

O conflito é uma vertente do conflito interno, com Jane/John enfrentando a si mesmo(a) e de Jane com o ambiente a seu redor, sempre hostil e solitário, devido às circunstâncias de sua vida e a personagem desde cedo precisar fortalecer-se fisicamente, aprendendo a lutar, e mentalmente, aceitando que deve permanecer sozinha.

Em menor escala, temos o outro confronto do agente consigo mesmo, na forma do Detonador Sussurrante, o terrorista que persegue e que descobre ser sua versão futura, que muito provavelmente enlouqueceu devido aos saltos temporais excessivos, crendo que pode matar vários para salvar outros.

3.4 – Músicas de fundo (Bgms) – ambientação

A trilha sonora de fundo tem algumas músicas interessantes, como a melodia dos anos 40 “I’m My Own Grandpa” (Sou meu próprio avô), de Dwight Latham, que indica um trecho da reviravolta, mas não chega a ditar o tom de cenas.

A ambientação, quanto aos figurinos e credibilidade do ambiente, reflete bem as épocas e locais. Como no início, percebe-se que o chão de mármore negro da sala onde o agente recupera-se da explosão sofrida não é a de um hospital, indicando que ele está sendo tratado em uma instituição privada, que descobrirmos ser a agência temporal e os demais cenários reproduzem bem as diversas épocas mostradas.

O figurino está adequado para as diferentes épocas, assim como as cores, mais claras nas lembranças da adolescência de Jane e mais sombrias no presente, com alguns elementos de noir, quando John aparece.

3.5 -Flerte com o terror

Apesar de não haver momentos de terror no filme, há cenas assustadoras. Imagine uma mulher entrar em trabalho de parto, sem ninguém para recorrer e descobrir não só que seu bebê desapareceu, mas que é um homem. Um pesadelo em vida. Ou depois ser queimada viva e receber um novo rosto. Sem falar as próprias condições da viagem no tempo, e os traumas que o agente deve ter passado para tornar-se o Detonador Sussurante.

4. Cruzamento com Tokusatsu

4.1 – O que poderia ter de tokusatsu

O filme é excelente, mas peca um pouco na falta de ação e suspense. Há elementos destes gêneros, mas são incidentais para a trama. A trama policial poderia ser contada de forma mais detalhada e dinâmica e até mesmo apossar-se do drama de Jane, fazendo o espectador pensar que ela seria o Detonador, quando conta sua história ao agente.

4.2- O que tokusatsu poderia usar da obra.

Os tokusatsus poderiam incorporar mais o drama da história e a profundidade de análise e criação dos personagens. O desenvolvimento é um ponto alto, com a história de Jane capturando a atenção do espectador e instigando a curiosidade, compensando a falta de ação.

5. Conclusão

É um drama com elementos de romance policial e sci-fi, mas a história bem contada e o sofrimento e história incomum de Jane entretém o espectador, mantendo-o grudado na poltrona, em especial, quando começamos a descobrir todas as suas implicações na trama de viagem temporal.

Cotação: 8 de 10

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